Em 1453 Constantinopla
caía nas mãos dos turcos otomanos. Último grande entreposto comercial cristão
no Oriente, a queda desta cidade favoreceu a busca de caminhos alternativos
para a busca das tão lucrativas especiarias do Oriente. Essa busca levou os
europeus a mergulhar numa das maiores aventuras da história humana. As grandes
navegações colocaram em contato, pela primeira vez, todos os continentes
habitados do Globo, iniciando o que podemos chamar de primeira globalização.
Causas da Expansão
Marítima
Necessidades metalistas: o mercado europeu necessitava de maiores recursos em
metais moedáveis para poder desenvolver as trocas comerciais.
Buscar rota alternativa para a India: era urgente abastecer a Europa das tão apreciadas e
lucrativas especiarias da India (cravo, canela, nóz moscada, pimenta do reino,
etc).
Necessidade de novos mercados: os europeus necessitavam trocar seus produtos
manufaturados como outras regiões.
Novas técnicas: bússola, astrolábio, caravela, cartas marítimas,
avanço da geografia, esfericidade terrestre, pólvora e armas de fogo.
Centralização monárquica: apenas Estados fortes poderiam levantar os grandes
recursos necessários à empresa marítima.
Desenvolvimento da Burguesia: asse novo grupo social vislumbrava enormes lucros no
comércio marítimo.
Espírito de aventura: A exploração colonial abria possibilidades de
ascensão sócio-econômica fora da Europa.
As Navegações de
Portugal
A centralização do
poder em Portugal se confunde com as guerras de reconquista de seu território
contra os muçulmanos.
Em 1139, a Dinastia de
Borgonha foi fundada por Afonso Henriques. Os reis dessa dinastia impuseram
severas derrotas aos mouros e finalmente os expulsaram do Algarve em 1249.
Em 1383, ocorreu a
Revolução de Avis, pela qual João I (mestre da ordem de Avis) fundou a Dinastia
de Avis. Esse rei se aliou à burguesia comercial lusitana e promoveu o
desenvolvimento marítimo português, preparando o caminho para a aventura
portuguesa pelos novos mundos no século seguinte.
Os Portugueses foram
os primeiros a se lançarem ao mar, e seu pioneirismo se deve a diversos
fatores.
Situação geográfica privilegiada: Portugal situa-se na parte mais ocidental da Europa e
detém um extenso litoral que serve de entreposto para as rotas de comércio que
ligam Europa e África e o Mediterrâneo e Atlântico.
Conhecimentos técnicos: No século VIII os árabes invadiram o território
português e trouxeram consigo muitas novidades técnicas do Oriente: astrolábio,
bússola, pólvora.
Experiência de navegação: premidos pela necessidade, pois as terras não eram
muitas e nem férteis, já na Baixa Idade Média os portugueses faziam pesca em
alto mar.
Burguesia mercantil forte: O renascimento comercial do fim da Idade Média
favoreceu o desenvolvimento de um rico comércio entre o Mediterrâneo e o Mar do
Norte, no qual Lisboa tinha um papel de importante entreposto.
Centralização Monárquica: Portugal foi o primeiro Estado a centralizar o poder
com a Revolução de Avis no século XIV,
quando ascendeu ao trono D. João de Avis favorável à burguesia e a seus
interesses comerciais.
O Ciclo Oriental das Navegações
ou Périplo Africano
Resumo das Navegações
Portuguesas
1415: Conquista de Ceuta
no Norte da África.
1419: Ilha da Madeira
1431: Arquipélago dos
Açores
1434:Gil Eanes atinge
o Cabo Borjador
1482: Diogo Cão chega
na região do Zaire.
1488: Bartolomeu Dias
atinge o Cabo da Boa Esperança no
extremo sul da África.
1498: Vasco da Gama
atinge Calicute na Índia, concluindo o périplo africano.
1500: Em 22 de abril Cabral
chegou ao Brasil.
Apesar de perigosa, a
carreira da Índia auferiu lucros imensos para Portugal com o comércio das
especiarias. O porto de Lisboa transformou-se num dos mais agitados da Europa.
No século XVI Portugal tornou-se um dos
Estados mais poderosos da Europa e a corte portuguesa viveu seu período de
maior esplendor.
O Ciclo Ocidental das
Navegações
A exemplo do que
sucedeu com Portugal, a centralização do poder na Espanha também se deu
paralelamente às lutas contra os muçulmanos em seu território. Durante esse
processo consolidaram-se os reinos de Aragão, Navarra, Leão e Castela.
Com a reconquista do
território espanhol aos muçulmanos pelos reis católicos Fernando de Aragão e
Isabel de Castela em 1492, a
Espanha finalmente conseguiu centralizar o poder e financiar a empresa
marítima.
No mesmo ano da
Reconquista o navegador genovês Cristóvão Colombo convenceu os reis
espanhois a financiar-lhe uma viagem às Índias pelo Ocidente.
A idéia de Colombo era
tirar proveito da forma esférica da Terra para chegar ao oriente navegando
sempre para o ocidente, ou seja, ele daria a volta ao mundo.
Não
obstante, nos planos de Colombo não constava a possibilidade de haver uma barreira entre os dois pontos. Assim, em
12 de outubro de 1492 esse navegador simplesmente tropeçou na América
pensando que estava chegando ao Oriente.
Anos depois o
navegador florentino Américo Vespúcio observou que as terras descobertas
por Colombo eram um novo continente, o qual descreveu em sua obra Mundus Novus.
O sucesso da obra de Vespúcio na Europa acabou por imprimir o seu nome às novas
terras, enquanto Colombo morreu pobre e esquecido acreditando que de fato
chegara às Índias.
A Partilha do Mundo
A Bula Inter
Coetera foi assinada em 1493, pelo Papa espanhol Alexandre VI. Esse
documento papal traçava um meridiano hipotético a 100 léguas a Ocidente de Cabo
Verde. Todas as terras a oeste deste meridiano pertenceriam à Espanha e a leste
pertenceriam a Portugal. Percebendo a enorme desvantagem, Portugal não aceitou
a primeira divisão e, em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas que
estendeu o meridiano a 370 léguas a Oeste da ilha de Cabo Verde.
O pioneirismo português e Espanhol nas
navegações deixaram países que ainda se viam com problemas internos como a
Inglaterra, a França e a Holanda. Esses países equacionaram seus respectivos
processos de centralização apenas no século XVI. Assim esses novos Estados
mercantilistas tinham uma grande necessidade de metais preciosos, mercados e
matérias primas. Isso favoreceu uma forte disputa colonialista entre os Estados
europeus no século XVII, o que provocou muitas guerras dentro e fora da Europa.
A França e a Inglaterra privilegiaram a
exploração e colonização da América do Norte. Esta última também deu grande
apoia às práticas de pirataria no reinado de Elizabeth I o que originou grandes
rivalidades com a Espanha, haja vista que o alvo princiapl dos corsários
ingleses eram os galeões espanhóis invariavelmente carregados de ouro e prata.
O Brasil foi, por diversas vezes, alvo das investidas de franceses (Rio de
Janeiro) e holandeses (Bahia e Pernambuco). Esses chegaram a dominar regiões de
interesse por vários anos no nordeste açucareiro. Não obstante, foram expulsos
pelos portugueses passado algum tempo.
O Triângulo Comercial
Os europeus estruturaram
uma grande estrutura de exploração colonial abrangendo um triângulo cujos
vértices apontam para a Europa, África e América. Desse modo, a exploração se
concentrou na África (escravos) e América (matérias primas) e o acúmulo de
capital determinado pelos lucros exorbitantes do comércio triangular se
concentrou no vértice europeu.
As manufaturas
européias (tecidos e armas) eram trocadas com grandes vantagens por escravos na
África. Os africanos escravizados eram levados para a América onde eram
permutados por matérias primas (ouro, prata, açúcar). Essas matérias primas
eram levadas para a Europa onde alcançavam altíssimo preço.
De outro modo, os
europeus também trocavam suas
manufaturas diretamente na América por
matérias primas, para então voltarem para a Europa. Havia ainda a oportunidade
não menos lucrativa de trocar as manufaturas por fumo, aguardente ou melado,
que poderiam ser facilmente levados à África e trocados por escravos que seriam
trocados na América por matérias primas que, na Europa, reverteriam em
estrondoso lucro. Qualquer que seja o sentido da triangulação mercantilista, os
europeus auferiam sempre enormes lucros. Isso favoreceu o acúmulo de capital
e o desenvolvimento comercial do capitalismo e da indústria na Europa.
A exploração colonial
européia se pautava por alguns princípios básicos:
Monopólio Comercial: A metrópole tinha total exclusividade no comércio com
suas colônias
Complementariedade: A produção da colônia deveria ser complementar à da
metrópole para permitir o lucrativo intercâmbio de mercadorias. Era vetado à
colônia ter manufaturas.
Escravismo: Utilização sistemática de escravos africanos (Brasil
e EUA) ou indígenas (América Espanhola).
Desenvolvimento do comércio Atlântico
Estados Nacionais fortalecidos
Ascensão capitalista e burguesa
Novos povos e culturas
Novos animais e plantas
Imposição cultural européia
Imposição da religião cristã
Comércio de escravos
Desenvolvimento científico tecnológico
Desestruturação cultural dos indígenas
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